( As "minhas" palmeiras à porta do Centro Formação)
Trabalho na mesma empresa há 35 anos, uma empresa de tintas e vernizes. Nestes 35 anos de carreira, muitas foram as mudanças. Quando fui admitida em Janeiro de 1973, fui trabalhar na sede em Lisboa, na secção de encomendas. Estive lá até ao final de Abril do mesmo ano, e no último 1º Maio que se trabalhou, apresentei-me no Barreiro, na nossa fábrica,exercendo funções na Secretaria, estive aqui alguns anos sendo mais tarde convidada para a Gestão de Stocks.

(Edíficio todo em tijolo, onde há muito tempo fiz o curso de primeiros socorros,passo aqui todos os dias a caminho do meu local de trabalho)
Estive neste serviço até à compra da empresa, por outra líder de mercado. Por este motivo, a minha função passou a ser executada no Porto, e eu regressei à secção de encomendas em Lisboa, onde estive durante 4 anos. Sempre aceitei com boa vontade todas as mudanças que me foram surgindo ao longo dos anos, muitas vezes em prejuízo da minha vida pessoal e até financeira...
Nunca gostei de"complicómetros"(termo utilizado por um formador que encontrei numa das formações que fiz na empresa), penso que há coisas que são como são e complicá-las acaba por ser bem pior para nós.Por isso, quando passados os 4 anos,me convidaram para Assistente, no recém inaugurado Centro de Formação, onde são ministradas formações ligadas à aplicação de tintas para a repintura automóvel,até fiquei contente, porque ficava perto de casa, carro à porta e almoços em casa com a filha mais nova que bem precisava de apoio à hora do almoço. Só que mal sabia eu o que me esperava... Pouquíssimo trabalho, solidão completa durante dias, semanas e em períodos de férias, meses...
As formações fazem-se na média de uma por mês. No tempo que resta os meus colegas andam em Assistência Técnica a clientes, e eu,lá, num edifício enorme, só. Sem ninguém com quem falar, rir ou simplesmente ver... estou assim há quase 10 anos, que me têm pesado mais que os outros 25 que tenho de empresa, não sei como tenho conseguido manter a minha sanidade mental.
( A grua do cais, local que gosto muito de observar também a caminho do emprego)
Agora, depois de toda esta "lamegice" vem a parte boa, vou finalmente deixar tudo isto, consegui um acordo bem vantajoso para mim e vou finalmente dedicar-me em primeiro lugar à minha família, muito em especial às minhas netas que tanto precisam de uma avó por perto enquanto os pais trabalham, e à minha filhota mais nova em plena adolescência onde os cuidados e atenções são mais exigentes. E, como não podia deixar de ser, aos meus trabalhos, tantos projectos na cabeça sem tempo para concretizá-los.
É claro , que deixar uma empresa para a qual se trabalha durante 35 anos não é fácil... tenho amizades de muitos anos, umas que já saíram da empresa e outras que ainda ficarão por cá. E, tenho amizade também a esta empresa para a qual tanto trabalhei nestes anos todos. Mas quem disse que mudar é fácil? as mudanças são por vezes dolorosas, mas, há que enfrentá-las e seguir em frente porque elas fazem parte da nossa vida...