sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Aquilo que nunca disse...


A propósito de algo que li hoje num dos blogs que sigo quase diáriamente, senti vontade de falar sobre algo que nunca mencionei, na esperança de poder ajudar quem necessite.

Tenho 60 anos e por conseguinte já passei por uma menopausa que apesar de não ter sido das piores conseguiu dar-me uma abalo a nível psicológico simplesmente horrível.

Sempre tive uma vida de bastante trabalho, com emprego fora de casa, três crianças, com a ajuda possível do homem cá de casa . Passei por tudo isto,  com optimismo e sempre dei conta do recado mais ou menos cansada, por vezes exausta. Sempre tive cuidado com a minha alimentação, não por ter tendência para engordar, mas sim para sentir que tanto eu como a minha familia tínhamos uma alimentação o mais saudável possível. Quando chegava à cama dormia logo, tinha um sono pesado e revigorante, nunca sofri de insónias o que me revigorava por muito que trabalhasse.

Eis, que chego aquela idade em que tudo nos parece desmoronar, acordava todos os dias sem vontade de me levantar, fazia tudo com sacrificio, tinha o peito com um aperto e uma nuvem negra sempre por cima da minha cabeça, deixei de dormir, noites e noites em que via os minutos,os segundos passarem, pela manhã o cansaço era um horror. Com a convicção de que conseguia ultrapassar as minhas fraquezas sózinha . Mas há fraquezas e fraquezas e estas eram muito superiores à minha força de vontade e ao meu pseudo  auto domínio. Tive que deitar a toalha ao chão e fui ao meu médico pedir ajuda, num pânico enorme. Há dias que só pensava que já compreendia porque é que existem pessoas que se suícidam, eu não aguentava viver assim...
Abençoado o momento em que tive a lucidez para tomar a decisão de consultar o médico, depois de cá por casa me terem dito isso inúmeras vezes, coisa que eu na minha teimosia não aceitava.
Sai da consulta com uma receita de ansiolitico e antidepressivo, ambos de dosagem mínima, coisa que nunca tinha tomado. Os primeiros 10 dias a seguir foram um horror, o médico avisou-me que seria assim, mas depois veio de novo o sol, levando as nuvens negras que me atormentavam, comecei a rir à gargalhada de novo, coisa que já não acontecia há tanto tempo... tinha vontade de sair, de trabalhar, voltei a dormir... meu Deus dormir era tão bom!!!

A menopausa deixou-me esta maleita, no presente já não tomo quase nada. Fiz o chamado desmame sózinha , só tomando alguma coisa quando me sinto mais em baixo.

Quando leio nos jornais e noutros locais, artigos em que criticam o uso destes medicamentos, fico pensativa, sei que há muita gente que se enfrasca neles por dá cá aquela palha, mas para mim foram a diferença entre viver e vegetar, e eu sem dúvida nenhuma prefiro VIVER.

Li ,como mencionei no principio, algo num blog de uma jovem que também teve que recorrer a tratamento depois de ter sido mãe, devido a uma forte  depressão pós parto, em que ela diz que os antidressivos lhe salvaram a vida , o casamento e principalmente a sua postura como mãe.
Para terminar, como em tudo na vida, existem casos e casos e analizar tudo pela mesma bitola é bastante errado.



1 comentário:

  1. Olá boa tarde Teresa.

    Curiosamente só agora me dei conta da existência do seu blog, pelo seu post. Vou segui-lo, como a tenho acompanhado no face, com agrado, embora raramente comente. Desde já muito obrigada por partilhar a sua familia e vida é sempre uma inspiração e bom exemplo a passar para este lado de cá...
    Ao ler este post achei interessante o facto de eu me rever nesta sua descrição da fase da menopausa que não percebi bem em que idade lhe apareceu... Eu sou mais nova (49) e há cerca de 4 anos comecei com um pequeno sintoma de menopausa ( instabilidade menstrual) segundo o médico, e a partir dai tomo uma hormona (genero de pilula) para estabilizar. Não tenho tido tantas insónias como a Teresa teve, (embora não durme tanto como dantes) mas quanto aos outros sintomas que descreve, são tal e qual uma cópia do que se passa comigo ou mais ainda. Sair para comprar roupa,arranjar o cabelo,etc, é um sacrificio, faço as compras e "corro" para casa.De verão não vou lado nenhum, porque está calor e de inverno porque está frio. Não me apetece sequer ir á noite, de verão, ao jardim da vila, nem ao café nem a um espéctaculo conviver, e no entanto, não tenho filhos nem familia a morar perto de mim. Só procuro a solidão. O que me atormenta ainda mais é, só de pensar ir ao médico, a ultima vez foi há 4 anos, entro em pânico, até pesadelos de noite tenho e mau estar só de imaginar que este me exija exames de rotina, e pior, que nestes seja detectado algo de grave na minha saude, e assim, cobardemente nem lá perto apareço. Se fosse obrigada acho que desmaiaria.Eu sei, isto não é nada normal mas tambem não sei o que fazer para resolver este meu descontrole... Acabo por achar pelo seu testemunho que eu tenha tambem uma qualquer espécie de depressão. Realmente,é horrivel a sensação, parece que não vivemos, vegetamos. Nunca falei isto com ninguém, é um peso que trago no peito mas que agora fica um pouquito mais leve por este factor em cumum. Muito obrigada desse lado por "me ouvir". Até sempre. Bjs. Rosa

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...